segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Mutabilidade de Conceitos: O Caso do Grafite, da Rejeição a Veneração

Já parou para refletir como o valor conceitual é extremamente flexível? A aceitação e rejeição em relação a determinado elemento, altera-se em níveis extremos. Partindo dessa observação, tomo como referencia a definição de Jorge Coli¹, no livro “O que é Arte”, que qualifica como arte tudo aquilo que o individuo identifica como assim sendo, segundo seus valores e experiências de vida, particularizando assim a sua classificação.
Tomo essa observação como gancho, para referenciar uma forma de arte contemporânea que ultrapassou as barreiras da rejeição até alcançar uma posição de notoriedade no cenário das artes plásticas. Faço nota a expressão artística urbana, o Grafite, que durante décadas foi vista como uma forma de expressão marginalizada, e nos últimos anos o seu entendimento é extremamente reconhecido, valorizado.
O surgimento do Grafite principia a década de 1970, na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos. De maneira que, toda técnica é marcada por etapas de avanço, melhorias, com o grafite não foi diferente, a expressão artística tem suas bases nos primeiros piches urbanos, que segundo Percília² são particularizações que estão ligadas diretamente a alguns movimentos, especialmente ao Hip Hop, representado como “a forma de expressar toda opressão que a humanidade vive, principalmente os menos favorecidos, ou seja, o grafite reflete a realidade das ruas
No Brasil, seu surgimento acontece na mesma década, 1970, seguindo as tendências norte-americanas. Alencar³ aponta Alex Vallauri [1949-1987] como um dos principais precursores do movimento no país, com trabalhos pioneiros em grandes espaços públicos da cidade de São Paulo que realizando “grafitagens pela cidade durante toda a década de 1980”. Percília² descreve que os brasileiros insatisfeitos com o estilo norte-americano, começaram a incrementar a arte, imprimindo um toque particularizado, o que elevou o status do grafite a níveis de excelência e reconhecimento internacional.
Entretanto, existe uma queda-de-braço em torno do movimento artístico, de um lado o grafite, com seu desempenho e qualidade artística, e do outro, o piche, qualificado como “poluição visual” - um ato de vandalismo e agressão ao patrimônio urbano. Apesar disso, o grafite se sobressai com sua originalidade e criatividade, representado no ambiente urbano em calçadas, muros e até grandes edifícios. Conforme ilustram as imagens abaixo:
Curiosidade
Abaixo listo alguns dos principais termos e gírias utilizados nesse segmento artístico:
. Bite: imitar o estilo de outro grafiteiro
. Crew: é um conjunto de grafiteiros que se reúnem para pintar juntos
. Cross: Pintar um grafite por cima de um trabalho de um outro writer.
. Grafiteiro/Writer: o artista que pinta
. Kings: Writer que adquiriu respeito e admiração dentro da comunidade do grafite
. Spot: lugar onde é praticada a arte do grafitismo.
. Tag: é assinatura de grafiteiro.
. Toy: é o grafiteiro iniciante.
___________________________
¹COLI, Jorge. O que é Arte. São Paulo: Brasiliense Ed. 15, 1995.
²PERCÍLIA, Eliene. Grafite. Disponível: http://www.brasilescola.com/artes/grafite.htm
³ALENCAR, Valéria Pexoto de. Grafite: uma forma de arte pública. Disponível: http://educacao.uol.com.br/artes/grafite.jhtm

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